Nietzsche

""Como é que se deve subir a encosta?" Simplesmente sobe e não penses nisso!" [Nietzsche]

Manoel de Barros

"Nasci para administrar o à-toa, o em vão, o inútil." [Manoel de Barros]

terça-feira, 3 de novembro de 2015

O mar canta absoluto

O não esta condicionado a algum lugar ou alguma coisa pré-definida, você pega a bike e sai sem saber para onde, somente pedala e deixa a estrada te levar para algum lugar, seja onde for, geralmente é seguindo o mar, seguindo o fluxo das águas, o canto do mar em continua perfeição. Não existe nada mais medonho do que buscar algo e não encontrar é de uma solidão devastadora, por isso ir sem precisar estabelecer parada imediata derruba as entoações falsas e as derrapagens nas decepções momentâneas.


Gosto de ouvir o mar porque tem sempre alguma coisa a me dizer, procurar a praia mais desabitada possível onde eu possa ouvir apenas o mar entoando sua forte canção.  O meu silêncio versus a calmaria e agitação do oceano. 





Pedalei 25 km sem parar, na verdade fui parar num antigo farol da praia do mosqueiro, praia tranquilha, então deitei num deserto de areia e fiquei a ouvir a orquestra sinfônica do mar. A isso eu costumo chamar de vida.

domingo, 1 de novembro de 2015

Praia do farol mosqueiro

A estrada pra mim é algo capaz de inflar o espírito de paz e vontade de vida, descobrir isso ao pedalar até o Rio Grande do Sul e voltar renovado, começo a perceber uma nova vontade nascendo, uma vontade de pedalar para longe, bem longe e reerguer o gigante que lentamente tem desaparecido de dentro de mim. Do nada peguei a bike e sair pedalando sem saber para onde e fui litoral aracajuano a dentro, até o farol da praia do mosqueiro lá a tranquilidade é o sustento de qualquer espírito. Só se ouve o mar cantando.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Rio das pedras (Aracaju - Boquim 75km)

O domingo nem amanheceu já estava de pé diante da pia escovando os dentes, bike inspecionada pela ultima vez, calço os sapatos, mochila nas costa pesando uns 10 kg lá dentro algumas coisas de higiene pessoal, bomba para encher os pneus num possível contra-tempo assim como ferramentas esperando que não precise usa-las. O relógio marcava 5h 10 min quando fechava o portão para pegar a BR-101 em direção a Itaporanga D'ajuda 29 km, tem vida nas estradas e essa vida me revigora, cada um possui a sua própria forma de relaxar, eu estou bem quando pedalo, quando desafio um percurso e cumpro-o com determinação e vontade de conquista.


A pista prolongando-se e você continua, só você sabe onde fica o limite, só você pode impor limites a você mesmo e espero que isso nunca aconteça, pois cada placa de retorno é uma afronta a seus princípios de conquistas, deixa-a para trás, ignore cada uma delas. Foram percorridos uns 38 km até a entroncamento para a cidade de Salgado, olhando no relógio 7h 35 min estava a caminho de Salgado.



Em Salgado peguei informação sobre uma estrada de chão que levaria até Boquim. Uma estrada tranquila cortando fazenda e plantações de eucaliptos, uma percurso de chão extremamente desgastante por algumas pequenas subidas que exigem esforço. 


Da cidade de Salgado até a cidade de Boquim por essa estrada de chão são na verdade 25 km de pedal, já havia percorrido 50 km até Salgado, ou seja, estava esgotado. Mas ai a estrada de chão me deixou eufórico e me renovou as forças, percurso novo, possibilidades e surpresas poderiam surgir. O desconhecido sempre será motivo de espanto, porque a possibilidade de desbravar o desconhecido infla e renova o espírito. A grande magia dos seres que se transversaliza com a natureza é essa necessidade de se desbravar para nunca mais voltar ao que era. 









E ainda sim uma trilha pode te dar algo de uma maravilha nos momentos certos. No ponto extremo de esgotamento do corpo, pedalei 30 km sem parar e no instante final de esgotamento profundo, surge um rio chamado RIO DAS PEDRAS, água tão clara que percebe-se os peixes circulando na parte mais  funda do rio, margeado de pedras com uma ponte que o atravessa, o rio é uma beleza e sem dúvida que parei para me refrescar, faltava pouco para chegar em Boquim e esse rio no meio do caminho foi algo a me salvar do esgotamento físico. Entre Salgado e Boquim depois de um Povoado chamado Abroba, existe um rio e nele as pedras, uma ponte e a vida embaixo e sobre as águas. 










Toda trilha sempre levará a algum lugar real, expansivo e natural. Toda trilha te levará para alguma parte da natureza que o fara retornar a origem de um ser vivo posto novamente nos braços da mãe verdadeira. A mãe natureza. E quando você menos esperar a curva vai te revelar algo de uma beleza extraordinária, basta seguir a trilha até o fim, é você que está no comando, não existe limite, o limite é o ponto de encontro mais genial entre você e o real natural que a vida presenteia. 

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Inaugurando a bike nova (Aracaju - Itabaiana 57 km)



Aracaju a Itabaiana 57 km de pedalada, bike leve estrada boa é o começo na verdade de uma serie de viagens que pretendo fazer aqui no estado de Sergipe. Esse trajeto serviu-me como o inaugural tanto para a bike novinha que acabei de comprar quanto pelas rotas traçadas, esta sendo a primeira rota cumprida.







Preciso só de uma câmera fotográfica para registrar os momentos incríveis, porque a partir de agora começo a desbravar Sergipe de bike,  A próxima rota com certeza Boquim e depois Pirambu. Agora pés no pedal e é só comer asfalto. A bike já se mostrou eficiente e bastante compacta para longas distâncias e diferentes terrenos. Para Boquim vou pegar uma rota que passa por Itaporanga D'ajuda, por dentro de Salgado passando por alguns povoados.  




domingo, 2 de agosto de 2015

Bocejo do mar


Dois passos para o mar, antes de mais nada um ritual preguiçoso o equilíbrio no mar e na vida depende de uma dedicação ritualesca. Os sufista tomam o rumo das ondas, o sol se engrandece aos poucos com a humildade de sempre as seis horas da manhã.



O canto do mar ainda é o mesmo e a bravura das águas solidificam o prazer de toca-las com os pés. Ainda é possível ver no mar manifestações espontâneas da natureza. O arco-íris findando, o sol amanhecendo o dia, o céu azul e o bocejo de um mar mal humorado.



terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Porto Alegre (16/02/2015)

Lembro que a 20 km de Porto Alegre parei em baixo de um viaduto até aconchegante, sentei em uma cadeira que havia lá abandonado pus os pés em cima da bike e enquanto os carros passavam em alta velocidade eu degustava pão com mortadela olhando para até onde as minhas pedaladas haviam me carregado.

Percorri quase 4000 km em 54 dias, passei pelas principais cidades turísticas do Brasil, me perdi, suei, teve semana que fiquei três dias seguidos sem tomar banho, soube economizar o máximo e cheguei em Porto Alegre ainda com R$ 5,00. Valeu a pena? Sim é Óbvio que valeu, foi algo que sempre quis fazer e quando chegou fiz bem feito. A próxima será ainda mais radical.

Vi o mar numa extensão maravilhosa, andei só e só eu soube caminhar por linha retas e tortas com uma percepção incrível, eu sempre soube onde estava, eu estava habitando-me novamente. Na estrada você abstrai o conceito de liberdade na mais pura autenticidade. Reduzir a distância de Sergipe ao Rio Grande do Sul a nada, minhas pedaladas foram das mais vorazes e no ritmo que andei rodaria o mundo em seis meses (risadas).

Para encerrar essa grande jornada a letra e a música da maior banda de todos os tempos para se ouvir na estrada e em qualquer lugar.




Concreto e Asfalto


Engenheiros do Hawaii


Se eu fosse embora agora
Será que você entenderia
Que há um tempo certo
Para tudo
Cedo ou tarde chega o dia
Se eu fosse sem dizer palavra
Será que você escutaria
O silêncio me dizendo que a culpa não foi sua
É que eu nasci com o pé na estrada
Com a cabeça lá na lua
Não vou ficar, não vou ficar
Fiz bandeira desses trapos devorei concreto e asfalto
Fiz bandeira desses trapos devorei concreto e asfalto
Tenho feito meu caminho
Volta e meia fico só
Reconheço meus defeitos
E o efeito dominó
Mas se eu ficasse ao seu lado
De nada adiantaria
Se eu fosse um cara diferente
Sabe lá como eu seria
Não vou ficar, não vou ficar
Fiz bandeira desses trapos devorei concreto e asfalto
Fiz bandeira desses trapos devorei concreto e asfalto
Fiz o meu caminho devorei concreto e asfalto
Fiz o meu caminho devorei concreto e asfalto

EU TENHO EM MENTE QUE QUANDO A GAIOLA É ABERTA UMA UNICA VEZ VOCÊ SERÁ LIVRE PARA SEMPRE. E DO NADA SURGE UM ANDARILHO PELA ESTRADA E ELE CAMINHA, CAMINHA, CAMINHA... ELES SÃO PÁSSAROS QUE VOAM COM OS PÉS.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Balneário Camburiú (11/02/2015)

Saudações de Balneário Camburiú foi chão até chegar aqui, passei de lugares incríveis a lugares sem muita energia. Escolhi esse roteiro tanto para passar por Curitiba e consegui passar e me maravilhar com o tamanho da organização, não se vê lixo na imediações da cidade, das ruas, totalmente verde e urbana mobilidade. Curitiba deveria servir de modelo para algumas capitais e cidades grandes.

Saindo de Curitiba passei por São José dos Pinhais outra cidade fantástica, logo na entrada tem um belo parque ecológico queria poder postar as fotos, mas a maquina deu problema não esta ligando. Percorri todo o litoral catarinense até chegar a Balneario Camburiú onde vou permanecer até arrumar um noivo emprego temporário. Abraços e até mais!

Rio novo do Sul (26/01/2015)

Saindo de Vitória fui levado pela estrada sem muita pressa passando por Vila Velha, Guarapari e muitas outras cidades praianas, só fui parar para dormir em uma cidade quase na divisa com o estado do Rio de Janeiro, uma cidadezinha que fica deitada sobre uma grande montanha, alias durante todo esse pequeno percurso montanha não falta, sem dúvida Espírito Santo é o estado das grandes pedras.



segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Antes de chegar em Vitória (16/01/2015)

Passei por algumas situações assim que cheguei em Linhares o pneu da bicicleta estourou sorte que já estava no posto de gasolina na entrada da cidade. Acordei logo cedo para andar 6 km até a cidade de Linhares atrás de comprar uma camará de ar nova para continuar a viagem.


Passei também por paisagens incríveis e momentos bizarros como o caminhão que passou bem na hora que bati uma foto.




O destino agora é o seguinte: Rio de Janeiro - São Paulo - Paraná

A depender do dinheiro continuo até Santa Catarina se não estaciono em Curitiba-PA. 

E a estrada sempre leva para o sul. Então pé na estrada.

Adeus Vitória (26/01/2015)

Segunda-feira, 06h00 pego a estrada novamente, saio de Vitória totalmente purificado com sua beleza. Estive em uma das cidades mais bela do Brasil, um território povoado por pequenas ilhas, a cidade totalmente organizada e varias pontes ligando Vitória as ilhas, Guarapari, Vila velha e outras cidades pequenas da região.




Estacionei na Praia da Jurema, ela fica no final da orla de Vitória é realmente uma bela curva depois dela tem a ilha do boi e por ai vai, assim que cheguei encontrei um quiosque de um alagoano que nem fez cara feia quando pedi para trabalhar, mandou eu voltar no outro dia 08h00 da manhã para começar. 









Durante o dia o movimento de pessoas na curva da jurema é incrível é também um ponto turístico de Vitória. Quem quiser ganhar dinheiro fácil é o lugar ideal, em dez dias conseguir fazer R$ 700,00 o que me garantirá até Curitiba-PA, se você realmente quiser juntar uma boa grana durante o verão inteiro a curva da jurema é o lugar certo. Mas em todo lugar que rola dinheiro fácil rola também muita droga, muita mesquinharia e desumanidade. os drogados durante a noite circulam livremente , é na verdade uma pequena cracolândia,mas um dos pontos positivo se é que existe ponto positivo para que está entregue a essa porcarias, o ponto positivo é que eles ralam durante o dia para conseguir dinheiro para usar drogas durante a noite. Usuários de crack, cocaína e maconha eu convivi com eles durantes dez dias, são super tranquilos basta apenas respeitar o espaço de uso deles. 


Esse é um deles só usa uma maconha de leve chama-se cadeira super gente fina me ajudou pra caramba desde que pisei os pés na curva da jurema só tenho a agradecer ao cadeira e ainda mantou minha próxima rota já que ele conhece quase o Brasil todo já rodou pra caramba por ai a fora, era caminhoneiro sofreu um acidente e perdeu o movimento das pernas, já foi preso por homicídio e conhece São Paulo de olhos fechados. É um grande homem possui as suas falhas, mas tem humildade e sabe lidar com as pessoas. Valeu Cadeira!


As capixabas são lindas de morrer, mas durante os dez dias que passei em Vitória foi uma Mineira que chamou minha atenção, infelizmente quando fui tirar uma foto com ela a maquina deu problema, Janine quero a foto que você tirou com o seu celular quero lembrar de vc por muito mais tempo. 





A galera do quiosque depois de um domingo de praia super lotada e no final as fotos de despedidas, a galerinha me acolheram se nenhum problema e me deram apoio e mais coragem para continuara. Valeu de verdade um dia quem sabe eu não volte a Curva da Jurema. Abração!


Esse é o cara que leu minha mão em troca de um refrigerante em lata (risadas), um cara super inteligente tem formação e tudo, mas está perdido no mundo das drogas, ele vende anel, brinco, pulseiras na praia que ele mesmo produz. Gente boa também fica o abraço.


E por ultimo o cara que me garantiu a oportunidade de trabalhar no quiosque dele durante esses dez dias, ele queria que ficasse até o carnaval me ofereceu até moradia na casa dele, mas a minha vontade de estrada foi maior. Valeu por tudo e até a próxima!



Como é de praxe em toda praia que passo registro o pôr-do-sol e cada um é mais maravilhoso que outro. Fica então registrado o pôr-do-sol da cidade das pedras, a Vitória do Espírito Santo.

O que aprendi durante esses dez dias: que você pode habitar qualquer meio e não se prostituir com a sujeira, mas para isso você precisa ser resiliente o bastante, você precisa está dançando entre a sua música e as demais, você precisa olhar e aceitar mesmo não aceitando por dentro, você precisa viver e adapta-se ao meio, não se preocupe as coisas correrão bem. 

Sair de Vitória com a música de Luiz Bahia na cabeça: Ele cantou essa música no quiosque do paraguaí nos dois finais de semana que passei por lá. 

"Salve salve Vitória
Vitória do Espírito Santo
terra maravilhosa"